sexta-feira, 12 de setembro de 2008

A menina dos olhos de Capitu

Chamaram-me Capitu. Aquela velha história. A tradicional, escrita por Machado de Assis. Bentinho como sendo Dom Casmurro, Escobar, Ezequiel, amores, traições (ou não) e uma mulher; Capitu. Capitolina pra ser mais precisa. Não pela pele, pelo cheiro ou pela expressão. Pelos olhos. Olhos de ressaca. Olhos de mar revolto, mar traiçoeiro. Olhos amendoados, profundos.

Começou em uma conversa qualquer e não me saiu da memória. Talvez por saber que lidar com sentimentos é tão complicado; ou por saber que os olhos são o espelho da alma. Traiçoeiros, foi o que me disseram. Mas não agora. Não a todo instante. Recaiu sobre mim a mesma visão de Dom Casmurro sobre Capitu. Se os olhos dela realmente guardavam em si a ressaca de um mar; não se sabe. A minha certeza é uma. Simples. É complicado lidar com sentimentos; principalmente os que me dizem respeito. Sendo meus ou para mim.

Entre o avanço estrondoso do mar, a quebrada sistemática das ondas e a retração que se dá, por conseguinte, essa sendo inevitável como é; o mar segue seu rumo comandando o vento. Temido, porém, fascinante. Às vezes a retração é não só inevitável, mas necessária; eu faço o melhor que posso.

Capitu defendia-se verdadeira. E ao que me diz respeito, sem querer ofender as opiniões contrárias ou acabar com o mistério genial de Machado, acredito nela.

Ok, tudo isso pois me chamaram.. Capitu.

Dedicado a um velho amigo.
18 de maio de 2007.