sexta-feira, 12 de setembro de 2008

"A chuva cai sem ter razão"

Eu sabia que precisava sair dali. Era fato. Meu lugar não era aquele e a única forma de chegar ao meu destino era enfrentando as ruas da cidade. Encontrava-me na porta. Entre a entrada e a saída; mais complexo do que aparenta. Isso por que o céu estava com um aspecto cinzento não muito amigável e absolutamente nada ensolarado. Decidi que já era hora. Bom, lá vamos nós.

As dúvidas são muitas, são intensas. Se não for o destino, é o caminho. Se não as cores, os sabores. Dar o primeiro passo foi quase impossível. Não queria nem pensar em molhar meu cabelo. Bom, lá vamos nós. Eu, as ruas da cidade e meus equipamentos de guerra. Mp4 a postos, celular no bolso, bolsa no ombro, minha visão e percepção; e só. Graças a Deus e a algumas leis da física, os passos seguintes não passam nem perto do primeiro em nível de dificuldade.

A partir dali, sabia de duas possibilidades; ou chovia, ou não chovia. Uau, não? Mas era tudo que eu precisava saber. Das duas, uma. Você sempre tem duas opções: ou presta atenção no caminho.. e vive, ou corre.. e deixa tudo pra trás. Medo da chuva, de molhar o cabelo, ou algo assim. Mas nem faz muito sentido correr da chuva. Se ela começar, já é provado e registrado que correr na chuva molha mais do que.. andar. Vai esperar a chuva pra então andar pela vida?! Não me parece lá muito prudente.

Enfim, entre passos, compassos, letras e músicas, voltei dos devaneios e resolvi prestar atenção na rua. Olhar pros dois lados e aquelas coisas todas que a minha mãe me ensinou (a duras penas, diga-se de passagem, dada a pentelhice da criança). Um carro virava a esquina; aproximava-se. É então que o cérebro entra em cena. Faz cálculos, tira fotos, processa o constante movimento da cena inconstante. Tudo tão rápido, rápido de mais pra racionalizar. Uma coisa eu sei; eu dei o primeiro passo. O primeiro pra atravessar a minha rua. Afinal, quanto mais tempo eu ficasse parada ali, mais arriscado se tornaria. É, de pequenas a grande proporções na minha vida.

Agora começou a chover; tudo bem.. o destino? minha casa.

16 de maio de 2007.