quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Lá fora a escuridão impiedosa engolia toda e qualquer tentativa de enxergar algo além da ponta do nariz. As trevas prostituíam cada canto desprotegido da cidade silenciosa.
Tic. Sabrina se levantou rapidamente e, tão rápido quanto levantou, caiu mais uma vez. Foi quase um espasmo involuntário. Podia sentir cada fibra de seus músculos enrijecida como pedra; tencionada o suficiente para ficar ali, caída pelo resto da eternidade.
Não que ela soubesse quanto tempo lhe restava. Trinta e sete cartelas vazias, alguma meia dúzia de comprimidos fugitivos espalhados pelo chão, o pânico, uma história e um rádio-relógio. Nada mais.
Foi naquele exato momento de completa escuridão, antes que um outro dia qualquer ameaçasse despontar em meio à treva imensa que acometia a cidade silenciosa, o bairro central, a mansão dos Hilmmert e a suíte luxuosa. Era tarde da noite. Ou, devia ser. Sabrina nunca saberia. Tac.

Nada (melhor) pra fazer em uma aula qualquer - 18 de setembro de 2008.