sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Faltou pouco para ser perfeito.
Ficou tudo jogado num canto.
Caixas, pacotes, lembranças ásperas e um violão... Que ninguém ousou buscar.
"O próximo inquilino que decida o que fazer com isso."

Foi assim, um sonho interrompido pelo gosto amargo.
Foi um grito mudo ecoando pelos cômodos de um apartamento vazio.
O olhar cego perdido na desilusão.
Foi como o tilintar das chaves fechando a porta pela última vez.

Agora ela acorda as seis e dorme as três.
"Será que ele ainda tem crises de insônia?"
Sempre assim.
Abre a janela e vê a luz entrar sem permissão.
O cheiro salgado das lágrimas invadindo o quarto mais uma vez.
Já faz tempo que o sol nasce e eles fingem que está tudo bem.

Vão pra rua de um mundo que de tão mundo os esqueceu.
Entre correntes de vento e vitrines.
De casa pro trabalho, do trabalho pra casa.
Os dias passam e tratam de se apagar por si só...
Sucessivamente entre ventos e vitrines.
De casa pro trabalho e do trabalho pra casa.
Sempre assim.
Mais um dia eles vão pra rua de um mundo que de tão mundo os esqueceu.
Corrói como veneno com açúcar.
É a morte lenta de uma história adocicada.

Descrição do fim - aula de Redação e Expressão Oral I.
20 de setembro de 2007.