sexta-feira, 12 de setembro de 2008

A síndrome do mais um

Falaram-me inúmeras vezes que o correto seria nomear o texto após o termino do mesmo. Discordo. Não que eu queira contestar a metodologia, longe de mim; nem perto, aliás. Hoje eu quero apenas discordar. Chega de convenções. O mundo continua sendo o mundo, o mercado de trabalho continua com a tal saturação, o corpo de fundo cada vez aumenta, o dólar sobe e desce, o Grêmio ganhou um jogo, e foi preso mais um psicopata. é, apenas mais um.

Quero discordar da nossa visão, digo nossa porque sei estar na mesma "canoa furada". É a visão do.. mais um. No país do futebol, onde o Grêmio ganhou um jogo (e me perdoem a falta de domínio quanto ao futebol), mais um psicopata foi preso; o rodapé da página, entre uma e outra notícia esportiva. O caráter de normalidade de todos esses absurdos volta e meia me vem à tona. O que mais me revolta é que como vem; vão.

Quero gritar por mudanças, me envergonho de ficar quieta e me tranqüilizar sabendo que "nada posso fazer". Quem sou eu pra mudar o mundo? Seria quase um ideal suicida acreditar que posso.. certo?! Quem sou eu pra ser alguém? Já que é tão difícil.. o mundo continua sendo o mundo e o mercado de trabalho continua saturado. É assim que eles me querem. Foi assim que eles me criaram. Gritando em silêncio, sentindo em silêncio, cenas que se repetem dia após dia, num tal de cotidiano. Apenas mais uma noite, chuva e eu aqui; Sem saber o que fazer e fingindo correr (mesmo que em círculos) em direção a alguma coisa que eu transpareço, ainda que falsamente, acreditar.

Não que faça sentido, mas é normal. Uma normalidade doentia. É assim que eles me querem. Alienados de uma sociedade com alicerces quebrados e falhas morais. Eu sou só mais uma, entre o mar de gente há mais uma; eu. Eles são legais, acham que sabem fazer todas as coisas bacaninhas. Te oferecem inutilidades pagas, e te ocupam em toda a tua falta do que fazer. Você almoça, janta vendo o sangue escorrendo do seu televisor em telejornais aleatórios.. Mais um jornal aleatório, mais trinta pessoas friamente assassinadas, mais um psicopata. Mais uma entre a massa; eu.

Que fique aqui o apelo, o apelo do meu lapso de sanidade, antes que me perca novamente em devaneios alienados, fica meu grito..

Eu discordo.

18 de maio de 2007.