sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Os desejos que restaram

Eu nos desejo muitos dias de sol. Daqueles não tão quentes se não a tua pressão baixa, porém não tão frios se não eu entro em um caso agudo de hipotermia. Desejo dias claros e coloridos como um nascer do sol a beira mar, dias de brilho intenso no olhar e no coração. Desejo a nós um porto seguro pra voltar nos dias difíceis. Desejo alguns dias difíceis e desejo que estes sejam encarados com o equilíbrio, a fé e a paz de espírito que conquistaremos ao longo de nossos caminhos. Desejos belos caminhos, belas paisagens, belas fotos, belas músicas, belas companias, belas emoções, risadas, lembranças e o orgulho de termos vivido todas as situações em sua plenitude. Desejo a nós todo o perdão por nossos erros, todo o acalento para as nossas angústias, todo o amparo para as nossas dificuldades e toda a esperança para o futuro. Desejo pessoas maravilhosas, desejo planos bem sucedidos, desejo mudanças necessárias, ainda que estas sejam dolorosas. Desejo a nós algumas doses cavalares de paz, de amor, de calma, de carinho e atenção, de companheirismo, de preenchimento interno e além disso alguns remédios, ainda que amargos, para todas as nossas infermidades. Desejo que o tempo passe na velocidade ideal em nossas vidas e que nem um segundo deste seja desperdiçado. Desejo a nós alguns momentos de solidão para colocar as idéias no lugar. Aliás, desejo as idéias no lugar. Desejo momentos de festa, de pentelhice, momentos daquela sua risada expontânea e deliciosa. Desejo a nós todas as sensações. Desejo que abramos as portas e as janelas para o novo, que ampliemos nossa visão e que cuidemos da cabeça, do coração e das responsabilidades (não necessariamente nessa ordem). Desejo horas e horas de diálogo. Desejo palavras suaves, ainda que dolorosas. Desejo agradáveis surpresas, solução para os problemas e desejo que aprendamos a dar o valor pra cada coisa por aquilo que elas realmente valem. Desejo clareza perante as situações das nossas vidas. Desejo que as nossas escolhas sejam as certas (ainda que eu não saiba quais são as erradas, se é que elas existem). Desejo momentos em família e momentos entre amigos (a segunda família). Desejo pessoas maravilhosas pra contar e que nos permitamos contar. Desejo histórias, viagens, feriados, finais de semanas e semanas. Desejo deveres e obrigações. Desejo um tempo pra poder recordar e algum pra esquecer. Que a gente aprenda a tirar fotos nos momentos importantes, já que depois de um tempo elas irremediavelmente farão falta. Que sempre possamos rir dos nossos defeitos e superar as nossas dificuldades. Desejo que o espelho de nossas casas seja sempre sincero conosco, seja na imagem de dentro ou de fora. Desejo romance, comédia e aventura (drama e ficção só daqueles com pipoca e edredon). Aliás, eu desejo muita pipoca e edredons. Desejo chocolate (e dane-se as espinhas), desejo saúde, sonhos e desejos. Desejo muitos presentes de natal, de aniversário ou de nada mesmo. Desejo cartas, emails e abraços que nos tragam felicidade plena. Desejo proteção divina, oração, humildade, nobreza, caridade e entendimento. Desejo que do orgulho se faça amor e o que hoje engasga se faça conversa. Desejo tempo preenchido e tempo livre. Desejo contato interior e contato com o mundo lá fora. Desejo que nunca se perca o gosto pelo novo, o gosto pela vida, e que, porém, não se deixe de lado o valor do antigo. Desejo que nem as baratas, as cobras, as moscas ou as aranhas invadam nossas casas. Desejo que cada relação seja vivida por sua vez, incluindo o começo o meio e o fim. Desejo inclusive o auto-perdão, a auto-estima e uma dose certa de independência. Desejo que se for pra depender, dependamos de amor, de amigos com aquele ombro amigo especial e além disso, no máximo de sorvete, pudim e bala de coca cola. Desejo belas músicas, belos acordes, belos timbres, cantos e instrumentos. Desejo uma dose certa de fracassos, todos seguidos de novas tentativas. Desejo que o que hoje dói cure as feridas e mais tarde possibilite uma nova história a ser escrita com dois belos finais. Desejo a cura de todos os males do corpo e da alma, a libertação de todos os fiozinhos, os chips, as obsessões, as hipnoses e da falta de intendimento. Desejo que se acabe essa falta de coisas boas pra falar. Desejo que nossas conquistas sejam verdadeiras e que tudo aconteça no tempo certo. Que as experiências curem as desilusões e as feridas (já que eu não acredito no tempo). Desejo que não cometamos novamente os mesmos erros com outro alguém. Desejo que não haja desvios no caminho da busca pela felicidade. Desejo que aprendamos cada vez mais com nossos erros e que nossas falhas sejam sempre trabalhadas e por conseguinte melhoradas. Que não se perca a esperança, mas que tampouco se viva dela. Desejo força pra lutar contra o indesejado e também pelo desejado, se esse fizer mal. Desejo uma visão perfeita da realidade, sem máscaras e fantasias anestésicas. Desejo confiança e companheirismo. Desejo lutas e intervalos com sombra e água fresca. Desejo a nós um mundo melhor, pessoas melhores. Desejo que deixemos de desejar uma série de desejos. É, isso mesmo. Desejo que todos os desejos sejam sinceros. Desejo responsabilidade, respeito, consciência e juízo. Desejo alguns impulsos e nenhum arrependimento. Desejo que as nossas vidas sejam plenamente vividas, agora que não se trata da "nossa" vida. Desejo amizades verdadeiras e vidas inteiramente saudáveis. Desejo pizzas de alho e olho, filosofias de madrugada e olhares esperançosos. Desejo que dor nenhuma, seja de decepção, de raiva, de angústia, de perda (...) se sobreponha as belas lembranças de uma história. Desejo um futuro brilhante e a certeza de que a única coisa definitiva na vida é o fim dela mesma.

02 de janeiro de 2008.